domingo, 30 de outubro de 2011

REVELO-



REVELO-
Venho à origem
E nada me demora
Como o plácido sono
Nele as ruas desenhadas
Apenas pelo aroma domam
E em cada instante presenteiam-me...
Encanto que não se despedaça
Porque acolhe o ‘eu’ refúgio
Forma intocável e calma
Bailarina interior
Meu grão
(MEG)

Descoberta


Descoberta
do silêncio
onde a íris do medo
brilha intacta
tão leve sugestão
escapa da urgência
como o sol que enlaça!
Perdida e encontrada
é o que nos mata
a bater na porta do luar
que pega por toques
e que a tudo absorve...
Com força de aquarela
no instante sublime
o voraz de uma estrela da tarde
cingindo o desejo
no indizível das línguas
em cada gesto plantado
acontecendo em sedução
ida sem retorno
e percorre a magia
-dos afagos descoberta-

Miguel Eduardo Gonçalves

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O que há?

Aquele nó-
que aperta a respiração,
sufoca,
de avermelhar o branco dos olhos.

Por que?

Saudade-
muito forte,
a ponto de pensá-la presente realidade,
porque nela minh'alma está
persistindo quotidianamente,
a roubar o mais precioso de mim,
o de saber-me ser como amadureci
e que vejo ausentar-se de minha eternidade.

Página virada, sei,
há várias,
mas que farfalha ainda no coração
como coisa natural minha, nata,
que jamais se afasta.

Sei onde estou agora
e nem me pergunto o por quê,
é nova etapa que se abriu
para assumir a anterior que se foi
mas não morreu, o que não contesto;
às vezes a vida me guia.

Tudo se acabaria se eu me calasse,
caminho tropeçado em letras
entre o horizonte da minha jornada
e a lembrança que dorme entre os guardados.

É isso:

Estou guardado dentro de mim-
e às vezes não me reconheço;
voz amargurada que escuto sem sentido
e a memória não tritura, não me digiro!

O que sonho está lacrado no sangue,
ternura que não quer se apagar,
verdade a sete chaves guardada
num masoquismo interior sem fim
que permanece como céu que lá está
a cuidar do meu tempo
alimentado o silêncio
das minhas palavras soltas...

(Miguel Eduardo Gonçalves)