sexta-feira, 29 de janeiro de 2010





SUCUMBÊNCIA

Triste, louco d'outra sorte
Na lembrança de qual sumo
Beber desejo sem norte

Que sobreviva sem humo
Em cenário que comporte
A sanha do ir sem rumo

Se a vida em sequela parca
O não menos preterido
Grande feito em que se arda
Faz tragicamente o rito

Vai potente e vil embarca
N'abadia ao bel sentido
Qual natura mais bastarda
Saber-se adorno bendito

Miguel Eduardo Gonçalves


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


















O BEIJO

De repente, o frescor da boca ávida
Em sua beleza ágil percorreu
Minha manhã de sol em brisa mágica

Segundo que surgiu do nada e ateu
Foi num dado momento fé didática
E então criando vida foi-se o breu

Altas resoluções aureolaram
A carne tenra, o rosto alvo e os passos
Que, como o ar no céu contido é lã
Alegria esquentou sentires lassos

Cenários inflamados coroaram
Pulsantes como ecos em mil braços
Carícias que se foram num afã
De fazer dos temores mil abraços

Miguel Eduardo Gonçalves

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

UNIVERSAL



Universal

A vida
Anseio
Das lantejoulas
Em cristais
Ousadamente...
Alentos.

Não tarda
Desejando provar
Em toque arrimo
A cerimônia...
Grande intento.

Arrimam-se
As partes
Belo misto
Pérola e púrpura
Em fruta...
Ardente impulso.

A folia
Doma
Um touro...
De costas
Na esparrela...
Sob as saias.

Eternizam-se
Guerreiros
Soberbo mundo
Em bela forma
Olímpica deidade
Alarga o estreito céu
Entre mim...

-signo que o ser entesa –

Miguel Eduardo

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

NO CIO



NO CIO

serpenteada
alveja
desdobra-se o espaço...
em pele
crispada
espada...
não finge
mima
o nu!

Miguel Eduardo

sábado, 16 de janeiro de 2010

O enredo



O enredo

Sem castigo
em prateados versos
onde a idéia persiste
melhor festa
o corpo cheio!
Mulher aos pedaços
um drinque à minha cobiça
as pernas trançadas
pedem um look...
Realçados destaques
em novos ânimos
espada de astro
e o timbre!
A lança...
Pela Alameda.

Miguel Eduardo

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A vida mostra aqui, não mostra lá... - Soneto



A vida mostra aqui, não mostra lá
O que diante dela se vislumbra.
Estrada é para todos como o ar
Carícia procurada que retumba...

Atores num tablado em tafetá
Tecido, exibem prova que deslumbra
Cinge as futilidades de um altar
E da crença, a tolice que os incumba.

Evidência glosada de um ser nulo
Egoísta e banal caricatura
De um veneno letal que o anula:

Uma linda mulher é seu casulo
Da explosão que ilumina como a cura...
Fingida, entretanto, só o adula!

Miguel Eduardo Gonçalves

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MEIO



MEIO


Enfim
Eis o que sou
Persisto


Sou
Quem me vejo
Em ti


A teu fim
Sou matéria
E sentir

Miguel Eduardo-

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

ENIGMA - SONETO INVERTIDO



ENIGMA

Na minha mente dando de aforista
Tua língua escapa quando tu te findas
Viúvo sol do vento amoralista

Solta, pairante voz, lembrança à vista
De um estrelado cio de ideias lindas
No breu noturno acende ela ametista

A ver corando o dia incertas vezes
Ficasse eu só memória e pura crença
Qual uma escada ao céu levando adeuses
Por si demente e esguia ogiva intensa

No mar ser livre e langue tal sereia
Regada em vento bem para na ida
Dar-se em capricho ao ar e à muda areia
Como quisesse ser carícia e lida

Miguel Eduardo Gonçalves

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

CONFLITO DE INTERESSES



Conflito de Interesses

A inquietação dos perfumes
Nos ares da madrugada
Onde piscam vaga-lumes
Quetais olhares da amada
É afetação dos costumes
Por que a fada é contemplada
Pois se atormentam ciúmes
Por querê-la apaixonada
E com todas as centelhas
Desejando até tostar
Ser o mel de mil abelhas
Adoçando até melar

Miguel Eduardo-

sábado, 2 de janeiro de 2010

FIBHAIKU



Sol
Raro
Fulgor
Ensanguenta
De exultante incêndio
As nuvens que assomam ao céu


Miguel Eduardo-