segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vê...










Vê, aqui onde tocamos
É que fomos sonhos
Castelos de areia
E agora expostos somos
Emissários do desconhecido
Onde é tudo graça etérea

Morde a carne por dentro
Uma euforia que tortura
E longa é como a saudade
Que se aprofunda pelos corpos
No exato que os pelos captam

Eis a anatomia da exaltação:
Onde o desejo cintila mais
É no porquê do se afirmar,
Segredo em que mora a negação!

Miguel-

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Há...









Há uma certeza
Na lúcida inconsciência
De não estar...
Essa, que ronda a tristeza
Em sua memória sem sentido!

Aqui, só ilusão
Tudo são imagens
Como a cor da noite
E desta hora
Fluem na febre mansa agora.

Puro êxtase sem remo
Vai pelo espaço inevitável
E sobre quilha quebrada
Rumo ao caos do solitário mar
Que a solidão aquática celebra.

Pois, nesses sentires ocos
É que decifro certas linguagens
Como a das pedras, sem seus deuses
E a de um poema
Com suas equívocas quimeras!

Miguel Edaurdo Gonçalves-

terça-feira, 24 de maio de 2011

FANTASIA HABILIDOSA












FANTASIA HABILIDOSA

Floresce em desejos
Voluptuosos
Noite pendula
Consome-se

Vencido é o amor
Noutras venturas
Vencida a vida
Marchetado de inexplicáveis
Sóis devoradores

Em desvario
Ao vento as naves?
Quem sabe!

Miguel-

sábado, 21 de maio de 2011

IRRECUSÁVEL

















IRRECUSÁVEL

Estrela
Convite
À noite
De vez
Noitada

Fulminou
De primeira
Porque fomos

Apoteose


Miguel Eduardo Gonçalves


CP 21/5/11

quinta-feira, 19 de maio de 2011

ORVALHO MÚTUO















ORVALHO MÚTUO

Como algas
No silêncio desfila
O hábito, o mito
Que a pele estala
Acende a pupila
E cala
Minúcia das fibras
No tempo
Fração irredutível
De serem

Miguel-

domingo, 15 de maio de 2011

Ao Sopro dos Versos



















Ao Sopro dos Versos

Surpresa tira do sério
Como o tempo resvala
Valsa cingindo nervos...
Luz que despe tentadora
Veste a mente de torpor
Mil cores do amor!

Miguel-



Imagem - Tamara Lempicka

sexta-feira, 13 de maio de 2011

ÉGIDE À MAJESTADE DO CORTEJO























ÉGIDE À MAJESTADE DO CORTEJO

Na própria atmosfera um caos de interjeições parece que a razão do gosto cria. Que mistérios simbólicos de um ápice fazem transformar o desejo em promessa, diz em alto e bom tom meu tóxico secreto... Este circula aperreado e forte, na perfeição como me julga a mim, maestro dos dias tão mais belos... Que natureza morta, que paisagem, que nada; há no clarão do ego esplendoroso um nobre de linhagem sublimada, que derrama nos lençóis a luz divina, nácar que encerra um madrigal, e vem e vai, e ataca e recua, e nem se intimida enquanto pela fresta da janela o luar espreita, e com vaga exclamação de ótica sugere a comédia dos ais ao instante, antes que nada mais se contenha, ante a majestade serena da escultura concentrada na curva acelerada das pressões, que o arrima altivo e teso em prumo ainda na metade do esforço concentrado!

Miguel-

sexta-feira, 6 de maio de 2011

IMAGEM






















IMAGEM

O ar é ameno
E dourado
Da brisa à flor

Vivo assim
Teu sabor
Leve disfarce

Miguel-

quinta-feira, 5 de maio de 2011

LUA




Lua
Rica
Floresce
Majestade
Pétala de luz
Para ser rainha no céu

Miguel-


terça-feira, 3 de maio de 2011

Presente à majestade da iguaria























Presente à majestade da iguaria
Sol em brisa no fundo dos teus olhos
Queimava como o vento que rasgava
Entre os galhos mexidos dos arbustos
Inocente tormenta desmaiada

Fonte do ser pulsando impaciente
No possível do agora pelos ares
Onde durava o antes que flutua
No previsível sonho do depois
Tão ferozmente o sangue que fervia

NAQUELE DIA



















Naquele dia
Descia a noite
Enquanto a conhecia

Suas mãos suaram
E a fisionomia corou
Repentina

Para assistir ao nascer do sol
Que trancendia
Da madrugada que nem findara

Miguel-