sábado, 11 de agosto de 2012

CERTO OLHAR




Pelo espelho do universo

Um saciável mundo, quando

Em viagem sem regresso

Segue a vida navegando

E em seus planos me alicerço



Pelos reveses me expando

Procurando algum acesso

E ao pensamento mais brando

Todo inquieto me endereço



Que eternidade tão breve

Plenamente em mim se inscreve

Cabe inteira na emoção



Desatino deslumbrante

Coisa simples se garante



Vigiando a solidão!



Miguel Eduardo Gonçalves

domingo, 5 de agosto de 2012

OCULTOS DE NEVOEIRO





Pelas cores do arco-íris

A cansada luz do dia

Que se apaga no horizonte

Misturada a um quê de alma...



Que beleza me contempla

Semelhante a uma tristeza

Que comove a solidão...

Pode ser felicidade!



Alegria que existiu

Chora no fundo do mar

Meditando longas horas

Por um minuto de sol.



É uma angústia colorida

Devaneio infatigável

Totalmente diferente

Plenamente tão real.



Qual perfume de uma flor

Impaciente, talvez

Chama inquieta da paixão

Que não sabe se conter.



Raia novamente em dia

Refaz-se frente à razão

Bela maneira de ser

De uma vivência mental!



Miguel Eduardo Gonçalves









sábado, 4 de agosto de 2012

ESTIGMATIZADO





Inocente sucumbe maquiado

O Brasil se consome em desatinos

De emboscadas vai sendo transpassado

Seus ideais traçados por ladinos

E o povo a tudo assiste inabalado...



A vida em roubo e deuses, por destinos

E tudo é o puro encanto mais sagrado

Mortalha costurada por fios finos

Para esconder um cancro desgraçado!



E nós vagamos entre as ilusões

Daqueles que pululam aos milhões

Inúteis esperando o que não vem.



Germina qual semente, é o voto

Trazendo em nova foto um terremoto



Que gira em seu umbigo e se mantém!



(Miguel Eduardo Gonçalves)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

METAMORFOSE








Porque esperava tudo num só dia

Sorria antecipando-se às carícias

Onde se resumisse em regalia

No instante convulsivo das perícias

Certa maneira dela que luzia!



E por capricho antigo das malícias

Algo sensacional acontecia

Distinguindo-lhe o afeto das delícias

Ocupação capaz da geografia.



Volúpia essa ali tão exclusiva

Ternura apaixonada, insinuativa

Existente na posse demorada...



E era preciso a chama e veio a chama

Flor dos impulsos doces de uma dama...



Relâmpagos e ais na madrugada!



Miguel Eduardo Gonçalves

REQUINTE






Estado de graça posto na mente

Sente como um capricho do prazer

No encontro da paixão que corre a gente

E se promete dando o que fazer

Tornando a nossa carne incandescente!



Cada palavra expressa o redizer

Que tinge na retina, eficiente

Aos poucos cada gota do viver

Num brinde cativante, convincente...



É como toca a brisa e arrepia

Deixando a pele toda uma euforia

Que vem do supetão proposital



E nesse de repente de um festim

Sublime é o paraíso de carmim...



É o sol exposto qual num festival !



Miguel Eduardo Gonçalves

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ORGASMO




AO DIA DO ORGASMO (31/7)



Descreve um movimento ante a visão

E o transe ao nu que as vestes dão ao rito

Inventa o desvendar da tentação

Teimando aquela cena em que reflito

No emocionar florindo a percepção...



Manjar que resplandece de incontido

Recato aos ares indo, como são

Decerto as primaveras com que lido

No jovial do tempo da afeição.



E ansia o apetite por mais sorte

Cobiça enquanto passa e dá-me o norte

Urgente intimidade que se inventa...



E a flutuar sutil na fantasia

Beleza que delira nesse dia



Narcótico furor se experimenta!



(Miguel Eduardo Gonçalves)