segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

AO MEIO DIA

Quando o sol estiver a pino regulado
E for um abraçar maior que pegue o mundo
O tempo será claro, azul, arregalado
Vestido só de céu, como um olhar profundo
E nós seremos vento em fogo aclimatado
Quando o desejo em ti fizer-se num segundo
Todo o meu será teu, esse calor danado
Exultante paixão, orvalho em que me inundo
Sem artifício algum, prazer em alto grau
Escancarado sexo o tempo inteiro doma
Para o gozo também conosco ser leal
Ânsia de repartir certíssimo sintoma
...Porque nela, bem sei, recolho-me abrasado
...E os gemidos temperam-me o cadenciado

Miguel Eduardo Gonçalves

Um comentário:

Karinna* disse...

*E se a tarde quiser espaço, molhando mansamente a ardência do Sol no centro, hora fértil recolhe-se na vértice, fecundo ventre. Nas fissuras da carne ensolarada, as mãos agéis... desembocam nos corpos reclinados, memórias de águas, em giros de flores frágeis- AO MEIO DIA.
Belíssima criação, numa espiral de imagens que versam, fumegantes.
Admiração pura pelo teu dom
BjM-
K*