A noite cai e insiste sem rugido
Como ao olhar constrói-se novo dia
Quando tudo o que traz vai ser vivido
Festim -a todo pano pr’uma orgia-
Que escorre consumindo-se incontido...
Cada aroma esvoaça em fantasia
Vício mais raro volta florescido
Tal como sangue ferve e extasia
Prazer imenso faz-se acontecido
E o tempo, meu destino que, indomável
Ondeia pelos sonhos formidável
Delira em tantas cores, penetrante...
Quem somos é o princípio, é o extremado
Momento d’alma a corpo agasalhado...
Em cada espasmo a estrela em céu distante!
Miguel Eduardo Gonçalves